Os números mais recentes do Atlas da Violência revelam um cenário alarmante: os assassinatos de crianças de até 4 anos cresceram 15% no Brasil. No mesmo período, as denúncias de agressões contra essa faixa etária deram um salto de 52%. Além da violência física, outras formas de agressão, como psicológica, sexual e abandono, também compõem essa realidade dolorosa. E o que mais preocupa é que, de cada dez casos, sete acontecem dentro de casa, justamente no espaço onde a criança deveria estar mais protegida.
Foi em meio a esse contexto que veio à tona o caso de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, que chocou pela gravidade das suspeitas. Segundo a Polícia Civil, uma mãe afirmou que o filho recém-nascido teria morrido em casa, engasgado com leite materno. No entanto, em vez de procurar ajuda médica, ela e o marido alegaram dificuldades de transporte e seguiram a orientação de uma líder religiosa, enterrando o corpo do bebê em uma área de mata em Sampaio Corrêa, em Saquarema.
A mulher, o marido e a líder foram presos, acusados de ocultação de cadáver. Desde a noite desta terça-feira (9), a polícia realiza buscas na região indicada pela família. O caso só foi descoberto porque o Conselho Tutelar investigava denúncias de maus-tratos contra outros três filhos do casal. As informações chegaram por meio do Disque 100, e durante a apuração os conselheiros notaram que o caçula, nascido em janeiro de 2024, não estava em casa. Diante das contradições da mãe e da ausência de certidão de óbito, a investigação foi aprofundada.
Além da ocultação de cadáver, a mãe e o pai também vão responder por maus-tratos aos outros filhos. Em vídeo publicado nas redes sociais, a jornalista Ana Paula Mendes destacou a gravidade do caso e reforçou que a participação da sociedade é fundamental para quebrar esse ciclo de violência. Denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100 ou pelo Disque Denúncia (21 2253-1177).