O que dói mais: a doença ou a espera por um médico? No Sistema Único de Saúde (SUS), milhões de brasileiros convivem diariamente com as duas dores. São consultas, exames e cirurgias que demoram meses, em alguns casos, anos para serem realizados. De acordo com o último levantamento, quase 6 milhões de pessoas estão na fila por atendimento em todo o Brasil.
No Rio de Janeiro, os números também impressionam. A espera para uma consulta com neurocirurgião passa de cinco meses. Em ginecologia, o prazo é de mais de 73 dias. Já para pediatria, área que atende diretamente a saúde das crianças, a fila supera dois meses. Situações semelhantes se repetem em outras especialidades, como oftalmologia, reumatologia e odontologia. Quando a demanda é por uma cirurgia, o tempo é ainda maior: a média nacional é de 600 dias, quase dois anos.
Para tentar reduzir a fila, o Governo Federal anunciou medidas recentes, como a troca de dívidas de hospitais particulares por consultas gratuitas com especialistas. A iniciativa já contempla seis áreas: oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. No Rio, também foi confirmado o investimento de R$ 170 milhões para aumentar o número de médicos, principalmente em oncologia, ortopedia e cardiologia. Até 2030, a previsão é de dois mil novos profissionais, além da abertura de 160 leitos até o próximo ano.
Essas medidas ainda estão em fase inicial e, segundo o governo, devem incluir o aumento de turnos de atendimento e a realização de mutirões. A expectativa é que, até o ano que vem, a oferta de vagas cresça 30%. Enquanto isso, especialistas alertam para a importância de o cidadão acompanhar sua posição na fila de atendimento junto ao serviço de saúde de cada município.
O tema ganhou forte repercussão nas redes sociais depois que a jornalista Ana Paula Mendes publicou um vídeo relatando os dados e denunciando a realidade da espera no SUS. O conteúdo recebeu grande adesão de internautas, muitos deles compartilhando histórias pessoais de dificuldade para conseguir uma vaga. A reportagem aguarda retorno do Governo Federal e do Governo Estadual.